quinta-feira, outubro 06, 2005

Vídeos, músicas, livros, software e outros afanamentos de propriedade intelectual

Nos últimos dias Deus tem me confrontado com um fato muito comum em nossas vidas marcadas pela tecnologia e pelo consumismo. A pirataria é tão comum entre os crentes que já não é motivo de confronto moral pela contra-cultura que o cristianismo prega.
Este fato me envolve diretamente pois trabalho com tecnologia e neste meio a pirataria é tão comum e aceita sem restrição alguma.
Ninguém parece ter problema algum em copiar um sofware para um amigo ou colega, compartilhar algumas músicas e mais recentemente com a banda larga, baixar uns filmes para assistir no computador.
Parece que quem não tem computador aparentemente está livre desse problema. Mas também não é difícil de achar algum disco de música pirata mais barato para comprar, pedir para alguém gravar algum disco ou comprar um produto "ching-ling" "importabandeado" ou até aquele xerox necessário para sua formação profissional. Ah! Não dá para esquecer dos impostos.
Será que esta postura é condizente com o que confesso nos grupos que participo, nos cultos e nas conversas que tenho a respeito do evangelho e da cruz de Cristo? Por que eu como crente tenho esta postura? Onde ela contraria a prosposta de honestidade que Deus tem para minha vida? Se sei que é errado, por que não paro com isso?
Essas são algumas das perguntas que tem sido postas na minha cabeça por Jesus, o humilde.
A primeira questão a ser respondida acredito que seja se isso é errado. Se isso é verdade, então devo estar lesando alguém que pode ser, eu, uma outra pessoa, uma instituição ou mesmo a Deus.
Perceba que em todos os sofwares, discos, filmes sempre vem uma informação de "Marca Registrada" ou "Copyright". Não é difícil perceber que isso se trata de alguém reclamando algum direito. Eu nunca precisei esforço para descobrir isso nem creio que alguma vez você tenha feito.
Geralmente alguma empresa diz que fez aquele material que você tem em mãos é de propriedade dela e ela cede a exibição daquele conteúdo para você ver, assistir, ouvir ou usar conforme o propósito dele. Porém ela se atribui como proprietária daquele conteúdo produzido. Você tem apenas a posse de uma das cópias do mesmo. Numa analogia, poderíamos dizer que você está alugando o material da mesma forma que aluga uma casa.
E se você copia esse conteúdo sem pagar o ônus está contrariando o que foi concedido a você. Numa redução aos dez mandamentos você está roubando daquela empresa. É simples. Eu sei e você sabe disso.
Mas não é facil concordar com isso. Essas coisas estão tão incrustradas no nosso cotidiano que não aceitamos assim facilmente. Tem que passar pela vontade depois que nossa mente descobre a verdade. Caso a minha vontade não queira ela domina minha mente estabelecendo um monte de doutrinas para que minha consciência fique em paz. Sim, invento desculpas para tentar justificar a qualquer custo o que quero fazer. Não é preciso muito esforço para que eu descubra um motivo para continuar com as minhas atitudes. Geralmente dou-me por vencido facilmente e continuo fazendo o que quero.
Gostaria de refletir um pouco nestas doutrinas que uso para sonegar meu dinheiro em favor da pirataria.
A primeira coisa que penso é que não concordo com o modelo exploratório que os donos do material me impõe. Com certeza as grandes empresas que são donos da maioria dos direitos autorais e que escravizam a criatividade e trabalho de pessoas aos seus interesses de aumentar os lucros indiscriminadamente não é justa nem misericordiosa. Nem visa o "bem da humanidade". Mas se eu realmente quisesse lutar contra esse modelo eu não consumiria o material. Compraria apenas o necessário, e o supérfluo adquiriria de outra pessoa provavelmente mais perto de mim, que eu pudesse ver e conviver. Mas esqueça, não estou interessado em defender o acesso mútuo e livre à informação. Na verdade não ligo a mínima para esse lance de comunismo, software livre, conteúdo aberto.
Se a marca da besta não está em meu braço ou testa, ela está em meu coração. O consumo é minha vida e eu vivo para consumir para minha necessidade de consumo vital! Eu quero ter, experimentar, ver e depois jogar fora. Mas para isso tenho que consumir, consumir. E isso me consome! Até o evangelho do nosso senhor e salvador Jesus Cristo é transformado em consumo através da onda Gospel. Até a Sagrada Bíblia tem direitos autorais (Não para o Mateus, Marcos ou Lucas mas sim para a Zondevan). Sim a NVI. Mas esse é outro assunto.
Eu também posso dizer que não concordo com a questão de direitos autorais, patentes e copyright. Que elas só servem para emperrar a criação e a ciência. Elas não garantem o progresso da humanidade. E são abusadas pela "lei do mais forte" fazendo com que aqueles que não tem força suficiente para produzir inovações estejam fora do páreo. E que me tiram a capacidade de pensar por ter nascido depois e me formado depois. Totalmente injusto. Porém J.C diz para mim que devo "dar a César o que é de César". Não tem escapatória. Ele também disse para não ajuntar tesouros que a traça do esquecimento corrói e a ferrugem da saciedade faz-me enjoar do que afanei.
Eu posso dizer também que os preços são muito altos e ninguém tem como pagar. Que os detentores dos direitos formam monopólios e aí estão agindo contra a própria lei a que estão submetidos. E que não são coibidos pois possuem poder político suficiente para impedir isso. Que fazem cartel para aumentar seus preços e ganhos. Bem que eu não preciso da maioria deles para viver, trabalhar e produzir. Que quero consumir por que quero. Boa resposta essa. Embora a maioria das pessoas seja oprimida pelos materials que são essenciais para o seu trabalho ou vida, a pirataria não se restringe a estes. Ah! Será o fim? Será que teremos que ser excluídos e não poderemos comprar mais nada, como no apocalipse? É possível isso?
Quando tudo mais falha uso a melhor estratégia de todas: apelo para a ignorância. Ignoro que tenho responsabilidade com isso. É triste, e envergonhador, mas eu já ignoro tanta coisa na minha vida que mais uma não vai me afundar: a miséria alheia, os forasteiros, os presos, os que passam fome... Não importa que isso conte na minha salvação. Já tenho a certeza dela. Com certeza não estou iludido. Ou estou?
Aliás preparem-se que meus trabalhos, incluindo este texto terão direito autoral. Não me venha com aquele versículo de que recebeu de graça e de graça deve dar. Afinal esses trabalhos não foram planejados para edificar ninguém, apenas para me dar dinheiro.
Se nesse ponto não sou sal nem luz, se não imito a Cristo, se isso me atrapalha a santificação acredito eu que não faz mal. Eu serei perdoado dos meus pecados se confessar para Jesus. Não é? Não é assim que funciona?
Depois de começar com as questões no início deste texto e ser mais irônico a medida que avanço ao final, retomo agora sem pretenção para confessar que meu coração não quer que eu apague as músicas piratas de meu computador. Mas minha consciência diz que devo.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Até tu, Juarez?

Nestes últimos dias venho ouvindo lamúrias a respeito de minha equidistante pessoa.
Alguns dos meus amigos vem exclamando em alta voz várias vezes alguns dos seus postulados:
  • Você está tão diferente!
  • Não é mais o mesmo!
  • Não te reconheço mais.
  • O que aconteceu contigo?
E até uns abusados:
  • Aí! Tommy! Tô mi achando, né?!
Não tenho como contestar tantas repetições da mesma percepção vinda de tão diferentes fontes.
Admito. Mudei. E para os presentes leitores de blog & cia, decidi expor as razões do que aconteceu a minha pessoa.
Quero dizer que não tenho culpa de tudo. Apenas isso "aconteceu" (com uma cara hipócrita de anjo inocente).
Veja você mesmo e tire suas conclusões: :-)